O GUARDADOR DE REBANHOS. 2012. Aquarela. 50x70cm
MEMORIAL DESCRITIVO
Os poemas são, a um mesmo tempo, pessoais e objetivos, de
grande coerência intelectual, com um certo ar de essência pagã, na opinião de
Maria Aliete Galhoz. As aquarelas são intentos subjetivos, mediados
pela transparência, de objetivar aqueles sentimentos e emoções que os
poemas despertam em mim. De um lado, a ilusão da eternidade e o suposto
caráter permanente da palavra encravada na pedra que o tempo desfaz. Doutro,
os interstícios vazios, prenhes de cor intensa que impulsionam o inamovível
pararefestelar os olhos que, por sua vez, teimam a ler o pensamento
do filósofo-poeta por entre os fragmentos.
O GUARDADOR DE REBANHOS
Poema X
Fernando Pessoa
Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?
Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?
Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.
Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.
O GUARDADOR DE REBANHOS
Poema X
Fernando Pessoa
Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?
Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?
Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.
Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.
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